sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Debate decisivo: Passos Coelho é o vencedor!

In SOL 10/9/2015

1. Os jornais de ontem deram, merecidamente, amplo destaque ao debate entre Passos Coelho e António Costa. Merecidamente, porque se tratou de um facto histórico: pela primeira vez, o debate foi conduzido por jornalistas das três estações de televisão generalistas, transmitido em simultâneo nas três estações (será, portanto, um êxito de audiências) e foi o único debate televisivo entre os dois candidatos a Primeiro-Ministro. A maioria esmagadora dos comentadores afirmava, então, que Pedro Passos Coelho partia em vantagem porque é o Primeiro-Ministro em exercício de funções: já António Costa partia em desvantagem pelo simples facto de que sobre ele recaía o ónus de mostrar que merece a confiança dos portugueses.

2. Pura mentira. Nada mais errado. O debate seria sempre muito mais fácil para António Costa do que para Pedro Passos Coelho. Porquê? Por uma razão muito simples: ser oposição é muito fácil – ser Governo é muito difícil. Ser oposição e ganhar eleições é fácil – são os Governos que perdem eleições e não as oposições que as ganham. O líder da oposição pode adoptar um discurso de frases cativantes, pomposas, dizer tudo e o seu contrário, criticar o que o Governo fez, branquear as suas responsabilidades na criação das dificuldades da Nação, como um todo, e de cada português individualmente considerado. Ora, um Primeiro-Ministro que sucedeu ao pior Primeiro-Ministro da História de Portugal – só comparável a Vasco Gonçalves – e teve de aplicar um programa de grande austeridade teria necessariamente de partir para o debate em desvantagem. Nós percebemos por que razão se deixou passar a ideia de que António Costa partia em desvantagem: descer as expectativas em relação a António Costa para o cenário de o debate lhe correr mal.


3. Dito isto, nós admitimos que ficamos perplexos quando ouvimos e lemos comentadores a declararem que António Costa ganhou claramente o debate. Claramente o debate? Das duas, uma: ou já tinham um guião pré-preparado para debitar, sucedesse o que sucedesse no debate; ou, como estamos fora de Portugal, porventura, a diferença de longitude impediu que o debate chegasse aqui, como chegou às casas dos portugueses. Talvez o debate chegou aqui à Alemanha adulterado pela distância geográfico…É a única explicação.


4. Mais perplexos ficamos ainda quando começamos a consultar os tópicos de discussão, nos programas televisivos, e constatamos que o grande tema é discutir…as falhas de Pedro Passos Coelho! Não se discute o debate: discute-se somente as falhas de Pedro Passos Coelho! E então as falhas de António Costa? E as gafes de António Costa? E a relação entre António Costa e José Sócrates? A falta de coragem de António Costa em se demarcar do legado de José Sócrates? E o facto de António Costa não saber um número de cor daqueles que apresenta no cenário macroeconómico? E o facto de António Costa não explicar nada sobre o que propõe para o futuro de Portugal, remetendo todas as respostas para o cenário macroeconómico cujo autor foi Mário Centeno – nem foi António Costa? Parece que António Costa vai ter de se reunir muitas vezes com Mário Centeno nos próximos dias para aprender a lição: é que Costa ainda não estudou o que Mário Centeno (o candidato oficioso do PS a Primeiro-Ministro) lhe preparou.


5. E quais as gafes que António Costa cometeu? Uma flagrante, logo no início do debate: Costa apresentou um gráfico em que alegava que todos os Governos, excepto o de Passos Coelho, tinham alcançado um crescimento económico positivo. E destacou um: o Governo de José Sócrates que deixara um crescimento económico de 1,9%. Como? A primeira declaração de António Costa foi para defender o legado de José Sócrates. Ridículo. Ainda para mais, defender um Governo que deixou um crescimento económico de 1,9% - mas que levou Portugal à bancarrota. É normal que ninguém, de todas as ilustres figuras que já analisaram o debate, se tenha referido a esta gafe flagrante e ridícula? Elogiar o legado de José Sócrates porque Portugal cresceu 1, 9%, mas com uma divida pública asfixiante, a caminho da bancarrota, é normal? É preciso seriedade na política. E há muita gente que não está a ser séria.


6. Mais: começar o debate elogiando o legado de José Sócrates mostra uma faceta de António Costa gravíssima – mostra que António Costa, como José António Saraiva já escreveu diversas vezes aqui no SOL, prefere agradar ao partido do que conquistar os portugueses. Entre o país e o partido, António Costa preferiu o partido. Entre os portugueses e os socialistas, António Costa prefere os socialistas. É incrível como nenhum comentador dedicou uma palavra a mais uma revelação desta faceta de António Costa. Quem prefere os seus camaradas – e o seu camarada Sócrates, que lançou o sofrimento em muitas famílias portuguesas e levou Portugal a uma situação de vexame, praticamente sem dinheiro para pagar aos funcionários públicos como afirmou Teixeira dos Santos, na altura criticado por António Costa, comentador da “Quadratura do Círculo” - aos portugueses, não merece ser Primeiro-Ministro. Não pode ser Primeiro-Ministro.


7. Segundo erro colossal de António Costa: a impreparação de António Costa quanto à matéria da segurança social – e quanto ao “seu” (leia-se de Mário Centeno) programa. Aliás, a irritação e o desconforto revelado na expressão de Costa mostram à exaustão o desconhecimento gritante que tem sobre esta matéria fundamental para o nosso futuro colectivo. Por exemplo: António Costa, confrontado com o argumento de Passos Coelho de que a sua proposta é um plafonamento vertical, refere que a redução da TSU é uma medida conjuntural que não pode ser confundida com uma reforma estrutural. Mas, no seu programa, esta medida é qualificada e inserida na parte dedicada à reforma da Segurança Social! O que leva a duas conclusões:


8. Terceiro erro colossal de António Costa: o Novo Banco. Confrontado com esta questão, Costa refere que o Governo prejudicou os portugueses e que os contribuintes vão pagar a resolução do Banco. Mas, habilidosamente, Costa desviou de imediato o assunto. Porquê? Porque não sabe o que dizer – e muito menos saberia o que fazer. Até porque António Costa foi um defensor fanático da nacionalização do BPN que é uma das causas do desequilíbrio das finanças públicas portuguesas. Um verdadeiro sorvedouro do dinheiro dos trabalhadores portugueses e das empresas portuguesas. Mesmo Clara de Sousa, em pleno debate, chamou a atenção para o facto de Costa não responder – este ainda tentou balbuciar uma resposta, mas calou-se de imediato.


9. Mas nem com o reparo de Clara de Sousa, os nossos doutos comentadores e brilhantes intelectuais da nossa praça acharam este momento infeliz de António Costa um facto relevante do debate. Ui, se fosse com Passos Coelho, imaginamos o que teria sido… Estes preferem alegremente proclamar que António Costa falou do futuro. De propostas concretas. Quais? Não dizem.


10. E qual foi o melhor momento de António Costa para estes ilustres comentadores? Pois bem, caríssimo leitor, foi…prepare-se…a farpa ao programa de incentivo de jovens emigrantes! Ui, que grande medida de futuro! Já podemos estar descansados: com esta medida, o nosso futuro é brilhante! Nota: futuro, em português, significa o que está para vir, o que virá. Não o que já aconteceu, como foi o caso do dito programa. Para isso, em português, temos uma palavra: passado ou, se preferirmos, um palavra mais erudita – pretérito.


11. Tudo isto dito e ponderado, façamos uma análise fria e racional. Quem ganhou o debate? Passos Coelho esteve muito bem na primeira parte, com António Costa francamente mal. António Costa equilibrou após o intervalo, com Passos Coelho ainda a liderar. No final, António Costa conseguiu um ligeiríssimo ascendente sobre Passos Coelho.
i) António Costa quer seguir a velha fórmula socialista de aumentar impostos para manter um Estado clientelar, enorme, sempre à “caça” dos rendimentos honestos dos trabalhadores que fazem muito para merecer cada cêntimo do seu salário;
ii) António Costa tem escondid na manga, para apresentar uma vez eleito, uma reforma da segurança social que vai desagradar muito aos portugueses. António Costa está a esconder muita coisa…
Mas a frase foi dita por António Costa. Meu caro leitor, ouviu alguém, nos vários debates ao debate, a referi-la? Não: só se aludiu aos erros de Passos Coelho e à…sua falta de empatia! Veja-se ao que chegámos…

12. Ou seja: Passos Coelho venceu dois terços do debate – António Costa apenas um. Vitória de Pedro Passos Coelho, portanto. Os portugueses, como pessoas invulgarmente inteligentes e sensatas que são, saberão tirar as suas próprias conclusões, independentemente do politicamente correcto. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

sábado, 29 de novembro de 2014

UM FINGIDOR


Partilho integralmente da opinião de Vasco Pulido Valente, em artigo publicado no Jornal Público em 28/11/2014, que abaixo transcrevo.

Um fingidor

«Nunca gostei da personagem política “José Sócrates”, desde a campanha para secretário-geral do PS (em que ele prometeu não aumentar impostos que, de facto, aumentou) até à sua ascensão a primeiro-ministro, muito ajudado por Pedro Santana Lopes e pela reputação de autoritário que entretanto adquirira.
Não tranquiliza particularmente ser governado por um indivíduo que se descreve a si mesmo como um “animal feroz”, nem por um indivíduo que prefere a força política e legal à persuasão e ao compromisso. Se o tratam mal a ele agora, seria bom pensar na gente que ele tratou mal quando podia: adversários, serventes, jornalistas, toda a gente que tinha de o aturar por necessidade ou convicção. Sócrates florescia no meio do que foi a sufocação do seu mandato.
O dr. António Costa quer hoje separar os sarilhos de um alegado caso criminal do seu antigo mentor da política do Partido Socialista e do seu plano para salvar a Pátria. O que seria razoável, se José Sócrates não encarnasse em toda a sua pessoa o pior do PS: o ressentimento social, o narcisismo, a mediocridade, o prazer de mandar. Claro que, como qualquer arrivista, Sócrates se enganou sempre. Começou pelos brilhantíssimos fatos que ostentava em público, sem jamais lhe ocorrer se as pessoas que se vestiam “bem” se vestiam assim. Veio a seguir a “licenciatura” da Universidade Independente, como se aquele papel valesse alguma coisa para alguém. E a casa da Rua Braamcamp, que é o exacto contrário da discrição e do conforto e último sítio em que um político transitoriamente reformado se iria meter.
Depois de sair do Governo e do partido, Sócrates mostrava a cada passo a sua falsidade, não a dos negócios, que não interessam aqui, mas da notabilidade pública, por que desejava que o tomassem. Resolveu estudar em Paris, para se vingar da humilhação do Instituto de Engenharia e da Universidade Independente, e resolveu fazer um mestrado em “Sciences Po”, sem perceber que o mestrado é uma prova escolar de um estatuto irrisório. Em Paris, viveu no “seizième”, o bairro “fino”, como ele achava que lhe competia, e, de volta a Lisboa, correu para a RTP, onde perorava semanalmente para não o esquecerem: duas decisões ridículas que só serviram para o prejudicar, embora estivessem no seu carácter. Como o resto do país, não sei nem me cabe saber se o prenderam justa e justificadamente. Sei – e, para mim, chega – que o homem é um fingidor.»

sábado, 22 de novembro de 2014

SÓCRATES

As mensagens que aqui escrevi em 12 e 26 de Novembro de 2009, 11 e Fevereiro de 2010 e 13 de Abril de 2011, não eram desprovidas de sentido, antes pelo contrário.
Não venho aqui dizer que sou visionário, porque não sou. Para concluir o que concluí, bastava estar atento.

Para reiterar que o dito indivíduo é, de há muitos anos, perverso, malabarista e compulsivamente mentiroso, basta ver a entrevista que deu na RTP em Julho passado. 
Como disse um amigo meu: "Aquele ar seráfico mas de boca seca a entaramelar a língua" é, por demais, manifesto da conduta do referido sujeito.

Talvez o habilidoso se tenha enganado quando disse, após perder as eleições em 2011, que nos anos seguintes ia ser feliz. Fácil era prever e ambicionar tal desiderato para quem tinha amealhado mais de 20 milhões de euros em cash e pelo menos três apartamentos de alto luxo, dois na rua Braacamp e um num bairo luxuoso de Paris, durante a sua acção política, através de luvas de vários tamanhos e comissões de várias proveniências.
Só que ele próprio referiu, parafraseando o adágio popular, "a verdade vem sempre ao de cima". Eu acrescento que "a mentira tem perna curta" e "quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vem"  e ainda: "não há bem que sempre dure".
Temo é que a justiça seja vencida pelo furacão. 20 milhões compram muita gente.
Temo que nada se dê como provado e ainda tenhamos de indemnizar o prevaricador.
Temo que a haver pena, seja simbólica, pensa suspensa, e ele se fique rir. 
Temo que, na pior das hipóteses para o energúmeno, lhe seja aplicada uma pena mínima, só para cumprir o preceito, tipo um anito ou coisa assim, e ele lá esteja esse tempo no chilindró, com tratamento vip, e se continue a rir.. porque 20 milhões esperam e dão bom juro, e os apartamentos não se degradam assim tão rápido e a felicidade apenas tenha tido um interregno, que começou ontem.
No entanto, do vexame já ninguém o livra. Esta é a segunda noite que vai dormir nos calabouços do comando distrital da PSP onde ficam os delinquentes encontrados durante a noite em desobediência à lei.
E é adequado o espaço ou até seja demais para ele, porque este é um tipo de delinquente muito mais grave: em desobediência à lei não só de noite e esporadicamente, mas de dia e de noite, há mais de duas décadas, surripiando os cofres do Estado e de todos os contribuintes, usando os cargos públicos em benefício próprio como foi no caso do decreto-lei do perdão fiscal para quem trouxesse o dinheiro sujo que tinha lá fora, não incorria em processo crime, pagava 5% às Finanças em vez de 50% como era até então.
Dos 20 milhões que trouxe, pagou 1 milhão e ficou com o dinheiro "limpo" e "legal".
Enfim, as artimanhas foram tantas que a história as trará ao de cima.
Mas de uma coisa estou certo, nunca o país, apesar dos mais perturbados períodos da nossa história de mais de 800 anos, teve à frente do governo um corrupto desta natureza tão pernicioso para o país.  Nunca se viu à frente dos destinos do país tamanho perspicaz feiticeiro e elaborado malabarista de esquemas para enriquecimento pessoal.
Tenho vergonha de pertencer a um país que elegeu esta criatura, que só pode ter vindo do Hades, para chefe do governo, muito embora eu nunca tenha votado no partido que o acolheu, e sempre tenha alertado para o embuste que ele estava a fazer ao povo português.

sábado, 13 de outubro de 2012

DEMOCRACIA É O POVO A GOVERNAR NA RUA?

O regime político denominado democracia que está a ser utilizado em Portugal actualmente será que consiste na acção governativa levada a cabo pelo povo diretamente das ruas?
É o que parece. O governo toma decisões e depois altera-as ao sabor das manifestações populares! Logo, é o povo que dita as decisões que devem ser tomadas.

O regime democrático não funciona assim. O povo elege os seus representantes votando em partidos políticos, cujo(s) vencedor(es) forma(m) governo e fica mandatado para governar no período de tempo estipulado. Se durante este tempo a sua governação não servir existem mecanismos para o demitir.

A preversão do sistema é clara e só demonstra a fraqueza do regime e do seu modo de funcionamento.

Este regime político apelidado de "o menos mau", é de facto o "o pior" ou está equiparado aos piores.

Os malefícios têm sido tão grandes que chegamos a este ponto. A democracia tem sido, como muitos lhe chamam, uma partidocracia e, pior ainda, tem sido uma particulocracia, onde o regime, ao qual juram prestar um serviço de gestão e defesa da coisa pública, é colocado exclusivamente ao serviço de interesses particulares, de poder e de influência com o objetivo final de enriquecimento privado de empresas e pessoas.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

LIDERANÇA DE SÓCRATES

É sintomático e muito estranho que nos tempos actuais tenha vindo a vingar uma forma de liderar, quer dizer a pseudo-liderar, um grupo de pessoas, agrupadas em forma de partido político, chamado partido socialista, que se caracteriza por ter atitudes e comportamentos de controlo e aprisionamento. Estas metodologias ressequidas, de outras fases da história, próprias de uma menoridade intelectual das pessoas que, afinal, perdura nas hostes do referido partido político.
Não é normal que milhares de militantes pelo país e concretamente centenas de pessoas num congresso aclamem o "querido líder", quase unanimemente (apenas um não o fez) depois de saberem tudo que esse líder fez, a todos os níveis, desde que foi investido de funções governativas em 1995 e em especial desde que é primeiro ministro.
Fico intrigado com isto: ou aquela multidão estava mesmo convencida do que dizia e fazia e então estavam todos loucos, em delírio colectivo, todos (menos um) mentecaptos, desprovidos da mais elementar capacidade de raciocínio e reflexão; ou então estavam a representar, fazendo de conta que ele é o supra-sumo da governação, o iluminado, o puro, o filho de Deus, o santo dos santos, porque estariam maniatados, sujeitos a forte coacção psicológica.
Ora, inclino-me mais para a segunda versão. Na verdade, pareceu-me mesmo que toda aquela gente estava a "fazer a fita" porque estão prisioneiros da máquina montada para manter a estrutura de pé, sendo o chefe a pedra de fecho que, se cair toda a estrutura se desmorona. Cada um dos que lá estava é uma pedra na estrutura, com o seu tacho ou tachinho e tem a missão de controlar e convencer tanto quanto puder e pelos meios que conseguir, a sua concelhia da boa-intenção do líder e do chorrilho de calúnias que tem sido alvo ao longo dos anos.
Devo denunciar que este tipo de comportamento é doentio, sub-repticiamente criminoso e violador dos mais elementares Direitos Humanos.
Isto não é boa liderança nem sequer má liderança. Simplesmente não é liderança. Isto é controlo mafioso de vontades individuais pela ameaça e coacção veladas.
Os coagidos também não estão isentos de culpa porque querem manter o tacho-emprego e/ou o poder ou poderzinho e assim deixam-se corromper, prostituindo a sua inteligência e vontade.
E é assim, neste jogo sujo de encontro de vontades e dependências de dominadores e dominados, que se encontra a classe política em Portugal, sendo este o modus operandi dos partidos políticos, concretamente do citado partido socialista.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A DITADURA DA (PSEUDO) DEMOCRACIA

A Democracia é uma terrível ditadura. Não me refiro ao facto de ser a ditadura da maioria como normalmente se classifica.
É muito pior do que isso. Trata-se da ditadura de algumas elites que, escravas dos seus variados interesses em que todos concorrem para um único e endeusado interesse, o económico, escondidas e legitimadas por supostas eleições, manipulam os portugueses e a riqueza nacional, fruto do trabalho de cada cidadão, para satisfazer exclusivamente aquele doentio interesse económico da pequeníssima elite ditadora, bem evidente nos magnatas que lideram as empresas públicas e os grupos económicos.

Que eleições são estas onde a maioria não se pronuncia? Que validade moral têm quando a decisão é tomada por uma minoria que participa na farsa? A validade legal têm-na porque são os enviados, fámulos ou escravos daqueles que fazem as leis. Tudo é legal. Por isso, nada nem ninguém se pode opor. Os tribunais também pegam ao pálio porque estão controlados e (infelizmente) a sua acção é apenas julgar a correcta aplicação e o cumprimento da lei. Também no 3º Reich era assim. Também lá, tudo era legal, tudo estava consignado em leis devidamente elaboradas, votadas e aprovadas.

Em todas as ditaduras o segredo está em tomar conta da máquina do poder para elaborarem leis adequadas ao prosseguimento do fim desejado.

Tanto se fala nos diamantes que Charles Taylor ofereceu a Naomi Campbell, a que a comunicação social chamou diamantes de sangue por serem conseguidos a troco de armas para manter uma guerra. Com muito mais razão podemos afirmar que os lucros alcançados pelas empresas e grupos económicos, bem como os obscenos salários dos seus dirigentes são lucros e salários de sangue e de muito sangue porque são conseguidos à custa do trabalho, dos impostos e da exploração de necessidades básicas de milhões de cidadãos.