A campanha eleitoral para estas eleições legislativas ficou marcada pela notícia de que Cavaco Silva teria demitido Fernando Lima, assessor do Presidente da República.
Ora, essa tomada decisão e a propalação da notícia, em plena campanha eleitoral não é de modo algum inocente por parte de Cavaco Silva. Trata-se de um afastamento de Fernando Lima das relações externas da presidência, obviamente por causa do caso das escutas. No entanto, hoje já circula a informação que Cavaco mantém a confiança em Lima e que este continua a trabalhar em Belém, embora noutra função.
Obviamente que Cavaco congeminou tudo ao pormenor: criar o abalo que pretendia na campanha e no PSD, sem abalar a solidez da estrutura da Presidência da República.
O abalo que Cavaco quis e, até ver, parece ter conseguido, a acreditar nas sondagens, é fazer com que o PSD perca as eleições e os PS as vença por pequena margem, sem maioria absoluta. Porque quererá Cavaco que a sua amiga de longa data e antiga ministra perca estas eleições? Pelo simples facto de que, se as ganhasse, nunca seria por maioria absoluta e, portanto, ver-se-ia obrigado a coligar-se com o CDS de Paulo Portas de má memória e abjecto para Cavaco. O que, dada a postura de Portas e a sua péssima relação com Manuela e Cavaco, possivelmente levaria o Presidente a ter de dissolver a assembleia e demitir o governo dentro de um a dois anos.
Então, naturalmente surgiria o PS com total força para ganhar as eleições com maioria absoluta e dar estabilidade ao governo.
Assim, se o PSD perder as eleições tudo se passará ao contrário: o PS vence sem maioria, terá de coligar-se com Bloco de Esquerda ou não fazer qualquer coligação e tentar governar sem maioria. Aguentará um ano, no máximo dois, porque a situação tornar-se-á ingovernável.
Nessa conjuntura, surgirá o PSD, com Manuela Ferreira Leite como a salvadora da Pátria, com o seu discurso de falar verdade que já defendera em 2009 e que o tempo lhe veio a dar razão. Vencerá as eleições com maioria absoluta e governará tranquilamente durante o 2º mandado do Presidente tendo, finalmente, o PSD alcançado o cenário tão desejado por Sá Carneiro: "Um governo, uma maioria e um Presidente".